Por ocasião do Dia Internacional dos Direitos Humanos e do encerramento da campanha “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra Mulheres e Meninas”, a Casa Thomas Jefferson recebeu, nesta sexta-feira (10), a professora Cristina Castro para uma Conversa sobre Empoderamento Feminino e Impacto Social.
Idealizadora e CEO do Instituto Gloria, Cristina Castro foi uma das agraciadas com o Prêmio Mulheres Brasileiras que Fazem a Diferença. O reconhecimento da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil homenageia mulheres que causam impacto positivo na sociedade.
As vencedoras se destacam em sua área de atuação, chamando a atenção no cenário brasileiro. Suas vozes têm ecoado forte, longe e gerado transformações estruturais na sociedade. De forma direta e indireta, a ousadia e o pioneirismo em diversas frentes repercutem a experiência, a força e a criatividade de mulheres que percorrem os dias transformando o Brasil.
Cristina Castro é uma dessas batalhadoras incansáveis no combate à violência contra mulheres e meninas no mundo. Seu Instituto Gloria impactou positivamente, em 2020, mais de 100 mil pessoas somente no Brasil.
Sem fins lucrativos, o Instituto Gloria é uma plataforma de transformação social segura e de fácil acesso para mulheres em situação de vulnerabilidade e repressão. A partir da coleta de dados, gera conteúdo educacional e cria uma rede de apoio com as ferramentas necessárias para a melhoria social.
“Tudo começou porque eu trabalhava com jovens que passaram pela violência mais tortuosa: a comercialização sexual infantil. Essas crianças são tiradas de suas casas com 4, 5 anos, e são comercializadas pelo crime. Quando elas têm 13, 14 anos, elas não são mais interessantes para o crime e são abandonadas. São chamadas de crianças fantasmas”, relembra Cristina.
O início foi com apenas seis jovens. “Depois foram 200 e, em 2018, eu atendi 2,8 mil jovens. Eu estava no ápice da minha exaustão e meu marido me disse assim: ‘Cris, é humanamente impossível fazer mais’”, conta ela.
Mas Cristina não parou por aí. Inconformada, partiu para uma missão fora do Brasil. “Num dado momento, eu fui tomar um café, uma robozinha parou do meu lado e falou: ‘Olá! Tudo bem? Podemos falar sobre alguma coisa? O que você quiser’. E, naquele momento, a frase do meu marido veio à minha cabeça. Então eu falei: ‘Ótimo! Eu quero um robô’”.
Após 33 horas de voo de volta para casa, Cristina já tinha o projeto pronto. Foi assim que surgiu a Gloria, um robô que trabalha com três tecnologias de ponta: inteligência artificial, blockchain e people analytics. E por que Gloria? O nome foi inspirado pelo movimento de mulheres negras dos Estados Unidos que, nos anos 1950 e 1960, promoveram uma revolução contra a violência que sofriam cotidianamente.
“Quando elas se encontravam, elas cantavam a música ‘Glória, glória, aleluia’. Que não é uma música religiosa. É uma música de revolucionárias. Se você olhar a letra, essas mulheres diziam: ‘Se hoje eu perco, amanhã eu me levanto e tenho amor’. E assim nasceu a Gloria: uma robô negra, de olhos puxados, muito acelerada, uma aventureira que vem para tangibilizar uma causa: a violência de gênero”, explica ela.
Com 368 voluntários, o Instituto Gloria tem hoje 25 projetos em andamento em todas as regiões do Brasil, é signatário do Pacto Global e está presente em 194 países.
Cristina acredita no poder da educação e vem também transformando a vida de meninas da rede pública por meio de programas de autoconhecimento e formação de habilidades para o Século XXI, como STEAM Power for Girls, realizado em parceria com a Embaixada dos Estados Unidos e a IBM-Brasil e vários outras iniciativas em parceria com organizações nacionais e internacionais.
, 13/Dez/2021