Um dos principais nomes da música em Brasília, o carioca Jaime Ernest Dias vai fazer uma coisa inédita na carreira, para comemorar os 50 anos da chegada dele à capital do país. Nesta sexta-feira, 23 de agosto, ele sobe ao palco do CTJ Hall da Casa Thomas Jefferson da 706/906 Sul. O concerto não será apenas instrumental. Terá vocal, porque graças às parcerias com amigos de longa data, as melodias ganharam letras inspiradoras e arranjos sofisticados. A apresentação é gratuita, está marcada para as 20 horas e nem é preciso retirar os ingressos antecipadamente. Basta o público comparecer. O show também será transmitido ao vivo pelo canal da Thomas, no Youtube.
Intitulado de “A Confraria: inventário de um convívio”, o show é resultado de uma longa convivência de um inseparável grupo de amigos artistas, letristas, instrumentistas, compositores e poetas autointitulado “Vou, mas não confirmo”. Jaime Ernest Dias gosta de brincar com a história e conta que os amigos sugeriram e começaram a mostrar as letras para as melodias autorais de Jaime das quais já eram fãs.
O concerto acontece dentro do projeto Sextas Musicais que leva, semanalmente, apresentações com o que há de melhor na música brasileira e mundial ao CTJ Hall, conhecido pela acústica perfeita e a iluminação impecável. A embaixada dos Estados Unidos apoia o projeto como parte das iniciativas de desenvolvimento de ações culturais voltadas à comunidade.
Jaime Ernest Dias diz que o show é uma celebração à própria trajetória de vida, sob todos os aspectos; familiar, social e profissional. Jaime, ao longo de décadas, é reconhecido pelo trabalho como instrumentista, compositor e professor. Do programa, também, constam parcerias entre esses autores para os quais Jaime fez os arranjos e participa como instrumentista. A relação do músico com Brasília é visceral. Em 1975, Jaime participou da fundação do Clube do Choro. Foi premiado no Concurso Nacional de Música de Câmara da Universidade de Brasília onde ingressou como aluno, pois decidiu se tornar um profissional da música.
Em 1979, se graduou e passou a compor o quadro docente da Escola de Música de Brasília, onde deu aulas de violão e música de câmara. Jaime se concentrou em formações camerísticas: integrou os grupos “Corda Solta”, “Instrumental e Tal o Trio Artesanal”. Colaborou com a flautista Odette Ernest Dias e a pianista Elza Kazuko Gushikem, na realização de turnês no Brasil e na Europa. Gravou os álbuns “Chorando Callado”, “Sarau Brasileiro”, “Sonatas de Bach” e “Modinhas sem Palavras”.
Entre os inúmeros trabalhos, em 2016, lançou o CD “Entrequadras e Partituras”, estreando o show respectivo na Casa do Choro do Rio de Janeiro em julho de 2017. Com o pianista João Lucas desenvolve, desde finais de 2015, um projeto de música instrumental que reúne composições próprias com releituras de obras de diferentes compositores. Do trabalho iniciado com João Lucas (piano e composição), resultou o CD Cerrado Atlântico, gravado em 2019 na Casa Thomas Jefferson, além de outros espaços culturais de Brasília.
Os artistas
Neste show, Jaime Ernest Dias estará acompanhado de um time de peso. Começa com o pianista
de origem portuguesa, João Lucas, compositor e pesquisador que assinou a produção de vários discos,
em nome próprio e de outros artistas. O ator e produtor Murilo Grossi será o narrador do concerto. Nascido em
Brasília, é graduado em Ciências Sociais, além de bacharel em Artes Cênicas pela UnB. Começou
em televisão na Rede Globo, em 1990. Fez diversas novelas e minisséries. Tem vasto currículo no teatro.
No cinema, participou de dezenas de produções, entre elas, vários títulos de curta-metragem que
concorreram e/ou venceram o Troféu Câmara Legislativa do Distrito Federal.
O músico Genil Castro acompanhará Jaime. Ele iniciou os estudos em 1981 e é licenciado em educação musical pela Universidade de Brasília e mestre em musicologia. Participou de shows e/ou gravações de CDs e programas de TV com: João Donato, Vittor Santos, Joe Diorio, John Stowell, Lula Galvão, Nelson Faria, Marabeau Jazz Trio, Toninho Horta , Cássia Eller, Jeff Andrews, Widor Santiago, entre outros. Junto deles estará Sérgio Magalhães, mestre de obras, compositor e cantor que gravou o CD “Ouro do meu peito” em 2018. Eduardo Rangel também participa do show. Ele gravou o primeiro álbum solo ao vivo, “Pirata de Mim”, na casa carioca Mistura Fina, em 1998. A música “Copacabana Blues” lhe valeu indicação a melhor compositor do ano, ao lado de Chico Buarque e Paulo Miklos, pelo VII Prêmio Sharp de Música - atual Prêmio da Música Brasileira.
O músico Cacá Pereira participa do show. Ele é um dos principais expoentes da música autoral no Brasil. Com músicas executadas em centenas de rádios no país e muitas gravadas por outros intérpretes, Cacá ficou conhecido como sambista, que de fato é, mas transita em inúmeras outras linguagens: choro, xote, baião, frevo, toadas e músicas infantis. O cavaquinista Léo Benon fará parte da apresentação, assim como George Lacerda, um brasiliense formado em música na Universidade de Brasília e que atua na cena musical desde 1998. Do Triângulo mineiro, mas radicado em Brasília desde 1959, Douglas Umberto de Oliveira completa o grupo. Douglas Ferreira tem parcerias memoráveis, inclusive com Clodo Ferreira, que morreu em 16 de julho deste ano e que será homenageado no show. É que Jaime vai tocar a música mais famosa dele, Revelação, que tornou Raimundo Fagner nacionalmente conhecido em 1978.