Em 44 telas, exposição retrata hábitos, cultura, paisagens e o jeito mineiro que encanta e enche os olhos dos visitantes

 

As montanhas, o trem, as paisagens, os casarões, as ruas de calçadas seculares de pedras, os pássaros e a vegetação. A alma e o jeito mineiros de viver e existir compõem a “Coisas de Minas”, exposição que é resultado do trabalho de três grandes artistas do estado e que será aberta às 18 horas desta sexta-feira, 1º de março, na galeria de arte Casa Thomas Jefferson, da 706/906 Sul. Com entrada franca, a exposição faz parte das comemorações do dia internacional da mulher.

Foram quase dois anos de trabalho, até que as artistas plásticas Doralice Barros Pereira, Eloisa Lima Soriano Marcolino, sob a curadoria do também artista plástico e professor de ambas, Sérgio Cioglia, concluíssem os trabalhos que estarão à disposição do público, em Brasília. “Fizemos a exposição como se fosse uma viagem. Tentamos pegar as memórias e as vivências da gente, aquelas coisas bonitas e marcantes em Minas Gerais, diz Eloísa.

Em “Coisas de Minas”, Eloisa, Doralice e Sérgio convidam o público a fazer este passeio visual pelas riquezas do estado, por meio dos 44 trabalhos que pela primeira vez serão mostrados fora das terras cercadas pelas mais belas e famosas montanhas do país. “Tem o trem, a culinária, nosso jeito, nossas riquezas em forma de pintura. É como transportar as pessoas para Minas, por meio das nossas telas”, diz o curador, que concebeu a exposição junto às duas amigas, de quem foi professor. “Em Minas tudo é inspiração e memória. E foi isso que nós usamos para as obras. Esta exposição não vai parar em Brasília, porque Minas é muita coisa e mexe com a memória e a imaginação de todo mundo”, afirma Eloisa.

A artista nasceu em Teófilo Otoni, um dos berços da cultura mineira. Médica, ela exerceu a pediatria por 30 anos, até que se aposentou e a pintura a fez “adolescer”, como define a autodescoberta como artista plástica. Heloísa iniciou formação em artes plásticas no Cenex Belas Artes, da Universidade Federal de Minas Gerais, e em aquarela, no Sesc. Chegou ao ateliê de Sérgio Cioglia em busca de aperfeiçoamento e desde então faz elogiadas exposições. A artista considera a produção de uma nova obra um desafio que a instiga a reproduzir a imagem contemplada com realismo, transparências e reflexos, atenta e comprometida a ser fiel às inúmeras nuances das cores que contempla ao redor e para isso usa do estilo realista, para retratar Minas em telas.

Mineira de Belo Horizonte, Doralice Barros Pereira é formada em geografia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Iniciou a formação artística em pintura com aulas no Cenex Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). É uma das artistas que está há mais tempo apurando a técnica com Sérgio Cioglia. Doralice faz exposições sempre muito exitosas em Minas e se inspira na possibilidade de ver o real com outros olhares. Faz na tela o que a poeta mineira Adélia Prado faz com as palavras. Traduz em imagens o que os olhos percebem ao observar o mundo de uma outra dimensão. Os “mimos da natureza”, como define, são fontes de encantamento que ela representa em telas no melhor estilo realista figurativo.

Também nascido na capital do estado, Sérgio Cioglia diz que o mais difícil na concepção dos trabalhos foi escolher um fio condutor, entre tantas possibilidades que Minas oferece. “É tanta coisa. Minas é em si, uma fonte inesgotável para o olhar”, define o artista, que começou a pintar aos 10 anos de idade. Com sólida formação acadêmica, ele começou ao participar do curso livre de desenho na Escola Guignard e aperfeiçoou os conhecimentos em pintura com grandes nomes da arte, como Mauro Ferreira e Ivone Alvim. Graduado em desenho e artes plásticas, Sérgio Cioglia  é habilitado em pintura e escultura e especialista no estilo realista figurativo. Vem daí o conjunto de técnicas que o artista usa ao retratar pássaros típicos da região e algumas das mais belas paisagens de Minas. A exposição vai até o dia 6 de abril.