Hoje, mais do que nunca, as emoções estão no centro das discussões sobre saúde mental. A ansiedade, a raiva, a tristeza e até a alegria são sentimentos comuns, mas em um mundo cada vez mais conectado, a maneira como lidamos com eles pode impactar profundamente nosso bem-estar.
A psicóloga escolar Patrícia Villa, da ONE School e da Casa Thomas Jefferson, alerta sobre os riscos de suprimir emoções que precisam ser vivenciadas. Ela explica que estamos enfrentando uma epidemia de diagnósticos de transtornos como ansiedade, depressão e burnout, muitos dos quais estão diretamente relacionados à hiperexposição às telas e ao consumo desenfreado de informações instantâneas.
Ansiedade é uma palavra que ressoa com força nos tempos atuais. Para muitos, ela é um monstro que precisa ser combatido, mas, como Patrícia aponta, ela também pode ser uma aliada. “A ansiedade pode impulsionar um estudante a buscar conquistas e aprendizados. Porém, quando esse sentimento se torna um comportamento constante, ele pode evoluir para quadros graves, como o transtorno de ansiedade e a depressão,” explica.
O problema surge quando o imediatismo, alimentado pelo mundo digital, faz com que as pessoas busquem respostas rápidas, sem dar espaço para a reflexão e o amadurecimento emocional. Essa pressa em sentir e reagir pode levar a um ciclo vicioso de frustração e insatisfação.
Entender que todas as emoções – da euforia à tristeza – fazem parte da experiência humana é um passo importante para a saúde mental. Mas, como Patrícia enfatiza, tanto a escola quanto a família precisam estar alinhadas nesse processo de compreensão e aceitação.
Ela destaca que, embora as terapias e os especialistas desempenhem um papel crucial, é na convivência social, no olho no olho e nas conversas presenciais que se encontra uma parte essencial da cura. As escolas, por sua vez, estão começando a perceber a importância de fomentar o desenvolvimento socioemocional de seus alunos.
“Após a pandemia, o desenvolvimento socioemocional tornou-se ainda mais urgente. É um processo que começa com o professor, que deve ser um exemplo de equilíbrio emocional e de tomada de decisões responsáveis,” afirma Patrícia. Se a escola e a família não priorizarem essa questão, os impactos negativos não serão apenas no aprendizado, mas na vida futura e na carreira dos estudantes.
Para Patrícia, a chave para um futuro saudável está em reconhecer a urgência de discutir o bem-estar emocional tanto nas escolas quanto nas famílias. “É crucial que as famílias busquem conhecimento embasado em ciência e estimulem a leitura e o estudo contínuo. Tudo isso contribui para amenizar o sofrimento e construir uma vida emocional mais equilibrada,” conclui.
Em um mundo que nos bombardeia com estímulos e informações, é fundamental que aprendamos a dar valor às emoções que sentimos, compreendendo que cada uma delas tem seu papel na nossa jornada. Afinal, viver plenamente significa permitir-se sentir, com tudo o que isso traz.
Casa Thomas Jefferson, 21/Ago/2024